Em histórica vitória na madrugada de 6 de novembro, Donald Trump conquistou seu segundo mandato como presidente dos EUA, consolidando uma expressiva maioria republicana no Senado. O resultado sinaliza mudanças para as relações comerciais Brasil-EUA.
Os analistas da CNN Internacional, apesar de sua conhecida inclinação democrata, reconheceram que a volta de Trump à Casa Branca foi impulsionada por três fatores que afetam a vida dos americanos: a crise migratória, a inflação persistente no varejo e o declínio da influência global dos EUA. Em seu pronunciamento, o presidente eleito priorizou os controles inflacionário e de fronteiras e a reforma tributária (reduzindo impostos) como pilares de seu novo governo.
Trump indicou uma mudança radical na política externa americana, prometendo encerrar os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio. A proposta de reduzir o suporte militar, que tem pressionado significativamente o orçamento federal, demonstra não somente uma guinada bélica, mas, principalmente e em meu entendimento, foco no equilíbrio fiscal como prioridade do novo mandato.
Com seu sorriso característico, Trump provocou Kennedy Jr. – seu novo aliado, cotado para a pasta da Saúde – ao reivindicar para si o domínio da política petrolífera. Ele sinalizou a expansão da produção doméstica de petróleo, estratégia que deve reduzir a dependência de importações do Canadá, México, Arábia Saudita e Venezuela, reafirmando a supremacia energética americana.
Trump reforçou sua postura sobre imigração legal controlada, vinculando-a diretamente à proteção do mercado de trabalho americano, que mantém taxa de desemprego em 4,1%. A política migratória legalizada é outro pilar importante de seu programa econômico.
Com a inflação em 2,4% nos últimos 12 meses, segundo o BLS, Trump articula uma estratégia tripartite: fortalecimento do mercado de trabalho, expansão da produção doméstica (especialmente no setor energético) e retirada do financiamento de conflitos externos. O plano econômico ressalta seu slogan de restaurar a força americana, agora, com ênfase na estabilidade fiscal e monetária.
A retomada da hegemonia econômica americana com o “selo” Trump pressiona naturalmente as demais moedas, incluindo o real. Com o déficit fiscal brasileiro e a expectativa de fortalecimento do dólar, analistas preveem manutenção do câmbio desfavorável, cenário que só se reverteria mediante significativa reestruturação da economia nacional.
Os operadores do comércio internacional reconhecem as complexidades de um real desvalorizado e de um Estados Unidos da América protecionista. Sob a orientação da estrategista Suzy Wiles – considerada a mais influente conselheira nesta campanha à Casa Branca –, emerge um Trump mais pragmático, focado em resultados econômicos sobre pautas ideológicas. E ele fará de tudo para cumpri-las, sem dúvida alguma e custe o que custar, inclusive para parceiros internacionais.
Denise Alves
CEO da Nuno//Fracht