A aviação enfrenta o desafio premente de reduzir seu impacto ambiental. A meta é zerar as emissões de carbono até 2050, conforme estabelecido pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). Nesse voo rumo a um futuro mais verde, o Brasil tem grande potencial para ser protagonista.
A experiência brasileira com biocombustíveis, reconhecida internacionalmente, ganha um novo capítulo com a criação da Conexão SAF. Liderada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a iniciativa funciona como um hub, reunindo órgãos governamentais, empresas aéreas e o setor privado em torno de um objetivo comum: incentivar a produção e o uso do combustível sustentável de aviação (SAF) no país. O fórum, estruturado em seis grupos técnicos, aborda temas como certificação, regulamentação, viabilidade comercial, pesquisa, infraestrutura e tributação.
Brasil é candidato natural à liderança no mercado de SAF
O SAF ainda representa menos de 0,5% do combustível utilizado na aviação global, mas é apontado como essencial para alcançar as metas de descarbonização do setor. E o Brasil, com sua vasta experiência na produção de biocombustíveis e a abundância de matérias-primas, tem o potencial de liderar esse mercado emergente, na visão de especialistas.
O Congresso Nacional analisa o projeto de lei Combustível do Futuro (PL 528/2020), que propõe um marco regulatório para o setor. Entre as medidas em discussão está a obrigatoriedade de uso de SAF em voos domésticos. No final de 2023, um Boeing 787 cruzou o Atlântico, de Londres a Nova Iorque, movido 100% por SAF. A façanha comprovou a viabilidade do combustível alternativo – neste caso, uma mistura de óleo de cozinha, gordura animal e querosene aromático sintético – em voos de longa distância.
Um futuro brilhante
De acordo com a OACI, a aviação é responsável por cerca de 2,5% das emissões globais de CO2. Atualmente, a mistura de SAF nos tanques das aeronaves é limitada a 50% por questões de segurança, mas a expectativa é de que esse limite seja ampliado à medida que a tecnologia evolui.
Os SAFs, produzidos a partir de fontes renováveis – como óleos alimentares reciclados – representam uma solução promissora. Além de reduzirem as emissões de CO2 em até 75%, oferecem segurança comparável ao querosene convencional, sem a necessidade de grandes alterações na infraestrutura aeroportuária.
Diversos projetos promissores começam a ganhar corpo no Brasil. O Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), em Natal (RN), inaugurou uma planta-piloto para produção de SAF, com o objetivo de ampliar a produção em escala laboratorial. Grandes empresas, como Petrobras, Acelen e Brasil BioFuels, também anunciaram planos para produzir o combustível.