O comércio exterior brasileiro depende da eficiência de seus aeroportos para escoar as exportações e receber as importações em tempo hábil. No entanto, o principal hub de cargas aéreas do país, o Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU), enfrenta uma série de desafios que ameaçam o fluxo logístico de inúmeras companhias.
Em 2022, o GRU movimentou 612 mil toneladas de carga, o equivalente a 35% de todo o volume aéreo nacional. Mas esse recorde não representa motivo para comemoração – pelo contrário, ele expõe as limitações de uma infraestrutura defasada, incapaz de lidar com a demanda crescente.
O futuro desse hub logístico está em jogo. Investimentos de R$ 3 bilhões até 2032 foram anunciados para expandir e modernizar o terminal. Porém, serão eles suficientes para desobstruir as vias aéreas da região metropolitana que concentra um terço do PIB brasileiro?
Congestionamentos e atrasos
O Aeroporto de Guarulhos deveria ser o eldorado do comércio exterior brasileiro. Afinal, é por lá que passa boa parte do fluxo de cargas aéreas do país. Em 2022, foram movimentadas 612.567 toneladas, um crescimento de 9,2% em relação a 2021 – o suficiente para torná-lo o quinto maior terminal de cargas da América Latina. Porém, o aeroporto simplesmente não tem capacidade para lidar com tamanha demanda.
Nos períodos de pico, quando o tráfego se intensifica, o caos se instala. Filas quilométricas de caminhões se formam nos arredores à espera de descarregar ou recolher as mercadorias, enquanto as áreas de consolidação e despacho transbordam, incapazes de absorver o excesso. O resultado são atrasos sem fim, que encarecem as operações de inúmeras empresas que dependem do Guarulhos.
Para amenizar estas questões, a concessionária GRU Airport inaugurou, em março, um novo terminal de cargas com capacidade para processar 1 milhão de toneladas/ano – investimento de R$ 1,2 bilhão. Sistemas digitais de rastreamento em tempo real também foram implantados na tentativa de desafogar o fluxo. A empresa tenta, ainda, coordenar melhor os voos com as empresas aéreas para evitar picos excessivos de demanda.
Parte do entrave está na escassez de mão de obra qualificada para lidar com os complexos trâmites logísticos e regulatórios das cargas. Por isso, a aposta em programas de treinamento de pessoal especializado ganhou prioridade na gestão aeroportuária.
Infraestrutura limitada
Apesar dos recentes investimentos, a infraestrutura do Aeroporto de Guarulhos ainda tem dificuldades para lidar de forma eficiente com o contínuo crescimento do volume de cargas. Operado por mais de 30 companhias aéreas regulares de passageiros e cargas, o aeroporto tem sua capacidade logística constantemente pressionada.
As limitações estruturais envolvem desde áreas de armazenamento e pátios de manobras insuficientes para a demanda atual, até sistemas de movimentação de cargas defasados e processos manuais que geram gargalos. Essas restrições dificultam a realização da consolidação em tempo hábil, causando atrasos e aumentando os custos operacionais para as empresas.
Para superar esse entrave, investimentos significativos estão sendo feitos na expansão e modernização da infraestrutura aeroportuária. A recente inauguração do novo terminal de cargas (citado anteriormente) representa um passo importante nessa direção.
Soluções adicionais em andamento incluem a ampliação das áreas de armazenamento e desconsolidação, a renovação dos sistemas de movimentação por soluções automatizadas e inteligentes, e a construção de novos pátios e corredores logísticos dedicados ao fluxo de cargas.
Processos burocráticos
O grande nó da logística aérea brasileira está justamente nas burocracias que travam o fluxo de cargas pelo Aeroporto de Guarulhos. A cada remessa que chega ou parte, uma longa lista de processos manuais e analógicos emperram a operação. São inspeções aduaneiras milimetricamente detalhistas, quilos de papelada a ser preenchida e dezenas de carimbos e rubricas exigidos.
A solução estaria na adoção massiva de sistemas digitais. O rastreamento de cargas com tecnologias como códigos de barras, RFID e Internet das Coisas poderia dar visibilidade em tempo real e agilizar processos. A completa digitalização documental e a aplicação de inteligência artificial para gerenciar estoques e inventários teriam o potencial para reduzir drasticamente o tempo perdido com burocracias impressas. Até automatizar inspeções aduaneiras e liberações fiscais seria uma alternativa a ser considerada.
Falta de integração entre os atores
A consolidação envolve uma multiplicidade de atores, como companhias aéreas, agentes de carga, despachantes aduaneiros, operadores logísticos e autoridades aeroportuárias. A falta de integração e coordenação eficiente entre esses diferentes elos da cadeia pode se tornar um sério entrave, dificultando o fluxo harmonioso das operações.
No Aeroporto de Guarulhos, essa fragmentação é evidente. Cada parte envolvida opera, muitas vezes, de forma isolada, dificultando o compartilhamento de informações e a sincronização das atividades. Essa desconexão pode resultar em atrasos, erros de comunicação, duplicação de esforços e ineficiências generalizadas.
Por exemplo, quando um carregamento chega ao aeroporto, a falta de visibilidade em tempo real sobre seu status pode levar a atrasos na alocação de recursos necessários para o desembaraço e consolidação. Além disso, se um agente de carga não tiver acesso às informações precisas sobre o horário de chegada de um voo cargueiro, pode haver problemas na coordenação da logística terrestre de coleta.
Desafios ambientais
A intensa atividade de consolidação, inevitavelmente, acarreta impactos ambientais, que precisam ser gerenciados de forma proativa e sustentável. As principais preocupações envolvem as emissões de gases de efeito estufa, a poluição sonora e a geração de resíduos.
Com um grande fluxo de aeronaves cargueiras, veículos de movimentação terrestre e equipamentos de apoio, as operações no GRU geram quantidades consideráveis de emissões de CO2 e outros poluentes atmosféricos. Além disso, o ruído constante das atividades aeroportuárias pode afetar negativamente as comunidades vizinhas.
Outro aspecto crítico é o volume de resíduos gerados, desde embalagens e materiais de proteção até eventuais cargas danificadas ou vencidas. O descarte inadequado desses resíduos pode representar riscos ambientais sérios.
Nesse sentido, a GRU Airport anunciou, em 2022, um plano de investimentos de R$ 120 milhões em iniciativas de sustentabilidade. Ele inclui a aquisição de equipamentos mais econômicos e a implantação de um sistema integrado de gestão de resíduos, visando reduzir significativamente o impacto ambiental das operações de carga.
Além disso, a adoção de tecnologias e processos mais limpos, a implementação de programas de compensação de carbono e a busca por fontes de energia renováveis também são caminhos a serem explorados.
Sobre a estrutura Fracht no Brasil
Nuno, CTI e Fracht LOG são empresas especializadas no setor logístico, atendendo diversos segmentos da economia, com destaque para os setores químico, farmacêutico, de saúde e bem-estar, industrial, automotivo e de energia. Com profissionais experientes, elas facilitam processos de importação e exportação, permitindo que os clientes foquem em seus negócios.
As empresas fazem parte do prestigiado Grupo Fracht, que foi fundado na Suíça em 1955. Ele se destaca por sua ampla rede, contando com 147 escritórios distribuídos em mais de 50 países. No Brasil, o Grupo tem presença nos principais estados da Federação, garantindo uma cobertura logística compreensiva em todo o território nacional.