A dinâmica do comércio internacional prepara-se para uma possível reconfiguração, motivada pela segunda administração Trump e suas implicações nas relações sino-americanas. Este cenário pode abrir portas para o agronegócio brasileiro, especialmente no mercado de milho.
A retórica protecionista de Trump, reafirmada em seu primeiro pronunciamento após a vitória, sinaliza uma intensificação da política “America First”, com particular ênfase no fortalecimento da economia doméstica. A China, segunda maior consumidora mundial de milho, com demanda anual de 99,5 milhões de toneladas, deve sentir os principais efeitos dessa política.
O cenário político e ambiental nos EUA aponta para uma redução nas exportações de milho à China. Com o apoio da maioria republicana no Congresso e respaldado pela Agenda Verde (que aumentará a proporção de etanol na gasolina a partir de 2025), Trump tem caminho livre para destinar mais milho americano à produção de biocombustíveis.
Este realinhamento geopolítico pode catalisar uma expansão significativa das exportações brasileiras de milho para a China. O Brasil, que vem registrando consistente evolução na qualidade e no volume de suas safras, é uma alternativa natural para suprir a demanda chinesa, beneficiando-se, também, do atual alinhamento econômico-comercial entre as nações.
Essa mudança nas rotas do comércio mundial exigirá ajustes nos sistemas de transporte, afetando custos e uso de diferentes meios de escoamento da produção.
Para quem trabalha com comércio internacional, é fundamental ficar de olho nessas mudanças políticas. Antecipar-se a elas pode fazer toda a diferença para ganhar espaço no mercado mundial de produtos agrícolas.
[Nota editorial: Este texto reflete análises baseadas em projeções de cenários, sujeitas a variáveis político-econômicas em constante evolução.]
Denise Alves
CEO da Nuno//Fracht