Canal do Panamá normaliza operações após seca histórica

O Canal do Panamá já respira mais aliviado. Após meses de seca severa, que colocaram em risco as operações da hidrovia mais famosa da América, os reservatórios começam a se recuperar. A escassez de chuvas, agravada pelo fenômeno climático El Niño, resultou no segundo ano mais seco em 110 anos de história do canal. Em outubro de 2023, a região registrou o mês de maior aridez já documentado, com precipitações 41% abaixo da média. O prejuízo acumulado colocou em xeque o tráfego anual de US$ 270 bilhões em mercadorias que cruzam esse atalho entre o Atlântico e o Pacífico.

A situação exigiu restrições emergenciais ao tráfego de navios, num momento crítico para a Autoridade do Canal do Panamá (ACP). Sua principal fonte hídrica, o Lago Gatun, chegou a atingir níveis de reserva técnica mínimos. Felizmente, os últimos registros pluviométricos permitem otimismo nos escritórios da ACP. Apesar das marcas deixadas pelo fenômeno naturalmente cíclico do El Niño, a perspectiva de chuvas regulares nos próximos meses aponta para uma retomada gradual das operações no Canal do Panamá.

 

Um ano de seca recorde

Nos meses mais críticos da seca, os níveis do Lago Gatun chegaram a cair até cinco metros abaixo do normal. O volume de comércio que atravessa o canal despencou 49% em relação ao pico registrado. Mas o problema não afetou apenas os negócios globais: a ACP é responsável também por abastecer metade da população panamenha com água potável, incluindo os habitantes da capital.

A luz no fim do túnel só começou a aparecer no último mês de março. As chuvas recentes reabasteceram parcialmente os reservatórios. Com isso, a ACP adicionou três novos horários diários para a travessia de navios da classe Panamax, elevando o total para 27 slots por dia.

 

Impacto no comércio marítimo global

Dados da Clarksons mostram que o tráfego de navios já conseguiu recuperar 60% dos níveis de 2022, um ano com condições relativamente normais na hidrovia. Navios-tanque e porta-contêineres lideraram o reaquecimento, alcançando quase 90% da atividade habitual. Uma boa notícia para o escoamento global, já que a passagem interoceânica movimenta cerca de 5% de todo o comércio marítimo, segundo cálculos do Fórum Econômico Mundial.

Nos períodos de operação regular, em torno de 516 milhões de toneladas de mercadorias, petróleo, carros e grãos cruzam o canal anualmente, conectando 1.700 portos em 160 países. A rota responde por 5% do tráfego marítimo mundial de cargas e 40% do movimento de contêineres dos EUA. Não é para menos que as restrições impostas pela escassez de chuvas tiveram um duro impacto.

Se as comportas secassem, as empresas de navegação seriam forçadas a buscar rotas alternativas mais longas e onerosas. Um cenário que o ressurgimento das chuvas parece ter afastado, pelo menos por ora.

 

Otimismo cauteloso

O Canal do Panamá pode ter superado a pior crise hídrica em mais de um século, mas os riscos de novos colapsos seguem rondando esta rota marítima. A seca severa que paralisou parcialmente as operações foi exacerbada pelo fenômeno climático El Niño, com seus mares aquecidos acelerando a evaporação do Lago Gatun.

A boa notícia é que o El Niño deve se dissipar nos próximos meses, com 85% de chance de dar lugar a um ciclo de La Niña até agosto. Esse padrão climático oposto pode trazer temperaturas mais baixas e maior precipitação. Porém, este alívio pode ser apenas temporário, já que pesquisas apontam para um futuro de eventos extremos de seca mais frequentes e intensos, em razão das mudanças climáticas.

Um estudo de 2019 da Universidade do Panamá aponta que, sem intervenções, os níveis do Lago Gatun podem cair até 60 centímetros até 2050 com o aquecimento global. A Associação de Estudos Tropicais recomenda que o país implemente urgentemente estratégias de adaptação, como o uso mais eficiente da água.

 

Buscando soluções de longo prazo

Para fazer frente aos riscos impostos pelas mudanças climáticas, a ACP propôs um ousado projeto de US$ 2 bilhões: construir um novo reservatório, alimentado pelo Rio Índio, com um túnel conectando-o ao Lago Gatun. A medida permitiria de 11 a 15 travessias extras diárias na hidrovia. A iniciativa, no entanto, enfrenta resistências de agricultores locais.

Essa é apenas uma das várias apostas bilionárias para aumentar a segurança hídrica. Também entram no radar opções como erguer um novo canal e mais reservatórios, obras faraônicas que esbarram em desafios ambientais e questões sociais. Determinada a não permitir que o Canal do Panamá fique sem água, a ACP trabalha em um plano de investimentos de U$ 8,5 bilhões em projetos sustentáveis nos próximos cinco anos.

Soluções de baixo custo e rápida implementação também são estudados. A economia é a palavra de ordem: cada navio que atravessa as comportas do canal consome cerca de 50 milhões de galões de água. A modernização das eclusas Panamax com técnicas de reaproveitamento da água, como o “enchimento cruzado”, já economizaria o equivalente a seis travessias diárias. Planeja-se, ainda, buscar fontes alternativas, como a dessalinização e até a “chuva artificial”, induzida por partículas de sal. O desafio de manter as comportas sempre abertas para o comércio global é urgente.

 

Sobre a estrutura Fracht no Brasil

Nuno, CTI e Fracht LOG são empresas especializadas no setor logístico, atendendo diversos segmentos da economia, com destaque para os setores químico, farmacêutico, de saúde e bem-estar, industrial, automotivo e de energia. Com profissionais experientes, elas facilitam processos de importação e exportação, permitindo que os clientes foquem em seus negócios.

As empresas fazem parte do prestigiado Grupo Fracht, que foi fundado na Suíça em 1955. Ele se destaca por sua ampla rede, contando com 147 escritórios distribuídos em mais de 50 países. No Brasil, o Grupo tem presença nos principais estados da Federação, garantindo uma cobertura logística compreensiva em todo o território nacional.