Estratégias para minimizar impactos da obra em Navegantes na sua logística

Um dos principais hubs logísticos do país, o porto de Navegantes (SC) iniciou seu projeto de ampliação e atualização no segundo semestre de 2023, visando aumentar sua capacidade e eficiência operacional. O espaço gerencia, atualmente, 15,4% do fluxo nacional de contêineres, com 1,3 milhão de TEUs movimentados no último ano.

A Portonave, responsável pela operação do porto, comprometeu-se com um aporte de R$ 1 bilhão nas obras, concedido à BESIX e à Empresa Construtora Brasil (ECB). O projeto de expansão abrange desde a construção de um novo muro de cais, substituindo o atual sem interromper as operações, até a dragagem dos canais para aumentar a profundidade de 14 para 17 metros, acomodando, assim, embarcações de maior calado. 

 

Cronograma e objetivos

As intervenções devem ser realizadas ao longo de 27 meses, em duas etapas, assegurando a continuidade das atividades portuárias durante esse período.

Iniciada na segunda metade de 2023, a primeira fase foca no lado leste dos berços e tem previsão de término para a segunda metade de 2024, capacitando o porto a acolher navios de até 366 metros. A segunda etapa, com conclusão prevista para o final de 2025, elevará a capacidade para navios de até 400 metros.

Esta modernização coloca Navegantes em linha com outros 19 portos brasileiros capazes de receber embarcações superiores a 300 metros, ampliando sua relevância na rede portuária nacional e internacional.

 

Detalhes técnicos 

Com início das operações em 2007, o porto de Navegantes é o primeiro terminal portuário privado do país. Hoje, ele emprega diretamente mais de 1.100 funcionários. 

Sua infraestrutura atual já se destaca por sua capacidade e eficiência. Com uma área total de 400.000 m², o terminal é dividido em três berços de atracação, em um cais linear de 900 metros, com capacidade estática de armazenamento de 30.000 TEUs. 

A infraestrutura inclui seis portêineres, 18 transtêineres, 40 tratores de terminal, seis empilhadeiras Reach Stacker e cinco manipuladores de contêineres vazios, dois scanners e 3.210 tomadas para contêineres refrigerados​, segundo a Portonave​. Essa capacidade robusta permitiu ao porto atingir marcos significativos, como o manuseio de mais de um milhão de TEUs em 2021.

 

Importância econômica

O complexo portuário de Itajaí e Navegantes destaca-se no cenário nacional como o principal ponto de exportação de frangos congelados. Em Navegantes, há uma câmara frigorífica de alta tecnologia e totalmente automatizada, dotada de seis transelevadores e capaz de acomodar até 16 mil pallets. Essa estrutura permite o armazenamento eficiente e seguro dos produtos congelados, garantindo a qualidade até o momento do embarque.

Além dos frangos, a região se sobressai no trânsito de uma ampla gama de mercadorias, incluindo cerâmicas, madeira e seus derivados, papel kraft, tabaco, têxteis, açúcar e carnes congeladas. Essa diversidade demonstra a importância do complexo portuário para a economia de Santa Catarina e do Brasil.

Num contexto mais abrangente, o estado de Santa Catarina é reconhecido pelos incentivos fiscais, que consistem em estimular o desenvolvimento econômico por meio da redução ou isenção de impostos. Esses benefícios visam atrair investimentos, fomentar a geração de empregos e impulsionar o crescimento de setores-chave.

No âmbito do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), os incentivos fiscais são concedidos ou revogados por meio de convênios celebrados e ratificados pelos estados e pelo Distrito Federal, conforme as regras definidas na Lei Complementar nº 24/1975. Para que esses convênios tenham validade em Santa Catarina, eles devem ser ratificados pela Assembleia Legislativa do estado, mediante lei específica, em conformidade com o artigo 150, § 6º, da Constituição Federal.

 

Reflexos no tráfego marítimo regional

As obras no porto de Navegantes implicam em desafios, atrasos e congestionamentos nas operações, com reflexos até mesmo em portos vizinhos, como Itapoá e Paranaguá. 

Paralelamente, a ampliação tem provocado mudanças no fluxo marítimo da região. Exemplo disso foi o aumento na movimentação de contêineres no Porto de Imbituba, desencadeado pelo fechamento temporário da barra do rio Itajaí-Açú, impactando o acesso aos portos de Navegantes e Itajaí. Como consequência, o Porto de Imbituba viu sua movimentação de contêineres crescer oito vezes, levando à necessidade de operar 24 horas por dia para gerenciar o volume.

 

Alternativas e soluções

Para mitigar os desafios enfrentados atualmente pelo porto de Navegantes, uma alternativa é o redirecionamento de parte das cargas para o porto de Itapoá. 

Este terminal é um porto offshore, ou seja, situado em águas profundas, afastado da costa. Embora essa característica possa implicar em custos de transporte e armazenagem mais elevados em comparação com portos tradicionais, Itapoá apresenta uma vantagem significativa: o menor tempo de trânsito (transit time). 

Devido às dificuldades e morosidades no processo de atracação em Navegantes, o porto de Itapoá é, atualmente, uma opção mais ágil e eficiente para o escoamento de cargas.

No entanto, antes de tomar uma decisão definitiva sobre a mudança de porto, é preciso realizar um estudo aprofundado que leve em consideração três aspectos: a necessidade específica de cada carga, o tempo de trânsito e os custos envolvidos. Essa análise criteriosa permitirá uma avaliação abrangente dos prós e contras de cada opção, considerando as particularidades de cada operação logística.

Ao ponderar esses fatores, as empresas poderão tomar uma decisão embasada, levando em conta suas prioridades e restrições. Em alguns casos, o menor tempo de trânsito oferecido por Itapoá pode ser o fator determinante, especialmente para cargas urgentes ou produtos perecíveis. Em outros, o custo logístico pode ser o aspecto mais relevante, favorecendo a permanência em Navegantes.

 

Sobre a estrutura Fracht no Brasil

Nuno, CTI e Fracht LOG são empresas especializadas no setor logístico, atendendo diversos segmentos da economia, com destaque para os setores químico, farmacêutico, de saúde e bem-estar, industrial, automotivo e de energia. Com profissionais experientes, elas facilitam processos de importação e exportação, permitindo que os clientes foquem em seus negócios.

As empresas fazem parte do prestigiado Grupo Fracht, que foi fundado na Suíça em 1955. Ele se destaca por sua ampla rede, contando com 147 escritórios distribuídos em mais de 50 países. No Brasil, o Grupo tem presença nos principais estados da Federação, garantindo uma cobertura logística compreensiva em todo o território nacional.